quiçá
quinta-feira, 26 de abril de 2012
terça-feira, 5 de julho de 2011
(in)diferenças
Há dias em que agradeço tamanha ajuda por ter chegado até à vida, ou por a vida, ter chegado até a mim... Já lá vai o tempo em que as boas características de finas lembranças perdidas na mente, eram suficientes para sorrir. Rir é diferente de sorrir. Por várias razões... Sorrir implica que haja um contrato entre o lábio inferior e o lábio superior, de uma forma inconsciente, de modo a coincidirem as duas vontades. Sorrir, também implica que os olhos sorriam em silêncio, e digam tudo, sorrir, não só implica naturalidade como espontaneidade. Rir é um acto que exige complacência, exige um vocal que por vezes é forçado só para se fazer ouvir. Também exige os sinais vitais da espontaneidade (creio que seja distinta).
O que segue as regras da lógicas, infelizmente é alheio aos comportamentos humanos de hoje em dia. O importante seria que não houvesse o preconceito de um sorriso de pele escura, ou de uns olhos em bico, ou de uma perna singular. É injusto para com a própria humanidade que haja essas rivalidades com as diferentes cores, ou com os diferentes estatutos sociais, ou o estado como nos encontramos com e face à vida. É verdade que ao traçar as minhas opiniões relativamente às “diferenças”, acabo por cair no longo erro de diferenciar o que anda de carro, ou o que anda a pé. Mas não se trata de uma diferença de valores ou importância perante a vida, trata-se de uma diferença visível aos meus olhos: um possui uma máquina que o transporta de um lado para o outro (e que se calhar não come para tê-la, e manter a concludente aparência), e o outro, move-se através de uma parte da máquina humana. Os pés, que balançam tal o estado da alma. A alma, também é comum a qualquer pessoa, também distrai os mais durões e fere os mais sensíveis, também choca os mais estouvados e mata aqueles que não acreditam nela. Raça. Essa, há só uma também. Chega a ser inconveniente e deprimente, mas vista de outro prisma, é sobranceria, altiva e invicta.
Sempre que saio à rua deparo-me com situações opulentas, situações de fraca aparência, situações paradoxais, e situações provavelmente normais para aqueles que aceitam a derrota. Situações que me sufocam, e situações que me tolhem a respiração e me vedam a compreensão. É importante que saibamos afagar um cabelo oriundo de uma emigração violenta e forçada, como de emigrações e imigrações feitas consuante as vontades de cada um. Não há maior privilégio que saber humanar aquele que desumana…esta atitude é uma das tantas que nos pode fazer sentir lisonjeados por as podermos possuir, esta atitude, encaixa-se no estereótipo de uma pessoa completa e que pretende não so sobreviver, como viver, em sociedade. A sociedade e o Estado somos todos nós. Nós também somos o Estado, nós também somos a sociedade que se revolta com o Estado. E porquê? Somos nós que “os” colocamos no sítio onde exercem mal as suas funções. Creio que o Estado é um termo denotativo para a maior parte das pessoas. E como falo nele, falo, por exemplo, no pensamento das pessoas que descartam as suas funções como cidadãs para os que têm mais poder. É necessário que o poder seja intermédio, seja dividido e utilizado de uma forma responsável e igual.
Os narcóticos são armas usadas para esquecer o tempo, e o tempo, tem-se esquecido de nós.
domingo, 24 de abril de 2011
o mundo às vezes pára
quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
life is real
A vida nasce de outra vida, que nasce de outra vida, que por sua vez nasceu de uma outra vida. Até aqui não tenho alguma dúvida capaz de me projectar para questões intrincadas, contudo, isto é um dos milhões de factos que podemos encontrar aliados à nossa existência. Eu tenho dúvidas. Tenho dúvidas acerca de quase tudo. Acerca de porque é que quando eu choro as minhas lágrimas são salgadas, ou o porquê de quando olho para um objecto chamado espelho, o mesmo me reflectir por inteiro, (até os mais pequenos pormenores estão sobre aquela base cujo padrão depende do que é capaz de captar), ou o porquê de ter que chamar mãe a uma pessoa que contribuiu para a minha existência. E porque não chamá-la de porta? Ou em vez de porta, quadro? Não sei… Não me lembro do dia em que nasci, mas gostava. Talvez nem chamasse de mãe à minha mãe, nem hoje achava que dias lindos são aqueles preenchidos pelo sol. Podia achar confortável e estonteante uma paisagem que hoje nem sequer deve existir… O tempo é soberbo, grandioso, altivo, majestoso, é sublime e sempre que vejo alguém desperdiçar o tempo fico incomodada. Jamais na vida (se é que existente), serei capaz de o fazer. Eu não perco tempo, e muitas vezes peço-lhe para ele não se perder de mim. Já tirei o relógio por pensar que o tempo estava a ser infausto para comigo. Pela falta de tempo, eu perdi pessoas que julguei imortais, perdi olhares, cheiros, perdi palavras, perdi gestos, também perdi memórias, mas sobretudo, perdi-me a mim mesma, e quando caio nessa realidade melancólica perco-me ainda mais… Depois? Depois arrependo-me e corro para encontrar o relógio. E é aí que percebo que o verbo ser é exigente e que por vezes há situações que nos submetem a actos dolorosos, actos pungentes e inexplicáveis. É urgente fazer uma clivagem entre o viver e o saber viver. Eu ainda não sei viver, mas tento aprender todos os dias em prol disso, para que quando, por caminhos obscuros e humildes, chegar o meu último acto de aspiração e expiração conseguir resistir à célebre frase: “ não soube viver”. Não vou contribuir para essa percentagem, não vou como cidadã, mas acima de tudo, não vou como pessoa.
Depois de tudo isto, lembro-me de um sentimento, que é susposto ser um dos sustentos da humanidade:o amor. É? Eu acho que não é. Se a humanidade se resumisse a mim e à pessoa por quem me sinto lisonjeada de ter na minha vida, acredito que sim, de outro jeito não. Em vários momentos, sinto que só existo eu e ele, e quando sinto que isso acontece é-me dada uma nova gestação, e um novo nascimento. Nasço e renasço três ou quatro vezes por dia, e como um dia tudo morre, eu não quero acabar com este ciclo. Não tem oportunidade de ser vicioso, nem de ser rotineiro, é como tem que ser. Natural, mas o que me importa, de facto, é que existe. A luta é necessária em todos os casos, tenhamos nós más ou boas condições psicológicas, nunca nos podemos privar de lutar, e eu luto. Luto não só por nós, como por mim.
Eu nem sei o que sinto por ti. É um sentimento soberbo, autêntico e mais puro que excessivo, é natural e volúvel. Não tem limites, e nem sequer sabe o que isso é. Amo-te
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
pois é
Não sei de que é feito o ser humano, nem tão pouco quem é o ser humano. Não sei como cheguei aqui, nem o porquê de ter chegado aqui. Sempre que escrevo escapa-me do pensamento uma palavra cuja definição é um problema em aberto: vida. Não sei quem é ela, mas sei que vivo nela, ou para ela. Também não sei se é mãe, mas em muitos momentos penso na hipótese de ser madrasta. O mais fácil é criar personagens, personagens essas longínquas da pessoa, ou, portanto, do padrão normal que as situações nos oferecem consoante as suas vontades. Em muitos momentos, eu tentei criar uma personagem, tentei criá-la para me poder defender de palavras ou actos inconscientes que sem outra escolha acabavam por me afectar. Ilustro um resultado de reacções com um passado revolto, e o que considero mais grave é que por muito que procure não encontro a borracha, então, parando, observo um todo de ideias e contradições umas sobrepostas nas outras de um modo não muito delicado, e sinceramente isso vai preocupando, porque quanto mais anos faço, maiores são as duvidas e afinas, maiores são as ambições, e maiores são os receios. Também maior é a independência tal como as responsabilidades…não sei até que ponto é saudável saber o que o futuro tem. Mas eu faço uma pequena ideia através da apoucada demonstração que faz dia para dia. Tento falar-lhe, ele vira-me as costas e abraça-me o presente sendo empurrado pelo passado. Em muitos dias denuncio-me a mim própria e fico alheada do universo. Tento ficar alienada da respiração ou do meu intermédio de sobrevivência, não consigo, porque embora saiba que muitas vezes a justiça e dignidade adoeçam permanentemente, há oportunidades que não se podem perder, e eu não quero perder a oportunidade de poder proferir que vivi. Sinto-me fatigada por motivos intrincados, intoleráveis, e com infausto aspecto. E esses motivos não são tão poucos como outrora desejei que fossem, ou como que palavras soltas desafiando sentidos desconhecidos. Esses motivos são todos de raciocínio, mas talvez contraditórios de um jeito leve e não muito compreensivo. Conjecturar um bom futuro, eu não o posso fazer, mas viver um óptimo presente eu faço-o diariamente tentando levar a cabo o que me ensinam todos os dias… tenho os pés mais assentes na Terra que o próprio chão, e não descartando o facto de que viver é bom, gostava de saber se estar morta será melhor. Desde que não se abandone a si próprio, talvez um dia, entendamos o que hoje não podemos entender.